sábado, 15 de fevereiro de 2014

A tática da resposta

Por Analice Paron


Pois bem. Já devo ter começado alguns vários vinte textos para tentar falar. Tentar dizer. E todos eles não passam de tentativas. 
O que fazer, afinal? A vontade maior, eu ignoro. É sair rabiscando todos os muros com todas as frases melosas do poemas que nós conhecemos. 
Mas como diria o poeta, a gente sabe que todas as linhas que falam disso são um pouco ridículas. 
Talvez eu tenha entendido o motivo. 
É que ficamos querendo dizer nas entrelinhas o óbvio ululante. 
Patético. 

Então eu desisti. Simples assim. 
Deixei de esperar as palavras virem, hoje pensei que podia correr em busca delas. Os conectivos são bem rápidos, mas as vírgulas, essas são muito mais velozes. 
Puro exercício poético. 
Minha gana de recuperar... como é mesmo? Ah, sim, o tal do lirismo perdido. 

Confesso, isso não saiu mais da minha cabeça. Virou minha pauta. Minha revolta. 
Por isso esse texto! Para lhe dizer, sim para você mesmo, estou à procura. Não vou deixar ele se perder por completo. 
Ainda que no silêncio, as vezes, parece que sou capaz de enxerga-lo. Juro. 
Mas depois, um barulhinho qualquer e ele se vai. E você também. 

Aquela história de passarinho no ninho.... acho que foi a última coisa realmente bela que escrevi. E não foi para dizer nada em especial. Apenas para... suspirar. 

Essas linhas também são para isso. Um respiro. Um alento. Uma conspiração contra o tempo. Engano a espera pelo lirismo debatendo sobre a ausência do mesmo. Sobre a sua ausência. 

A que conclusão eu chego? Que não engano ninguém. Nós dois sabemos que é tudo uma questão de ponto de vista, que ele ainda está por aí. Talvez perdido, talvez distante. 

Sei que ele não está com você. Sei que tudo parece pedante. Sei que frases curtas são o mais puro tom jornalístico. Sei que você se pergunta o por quê disso tudo. E eu me pergunto para onde vai tudo isso. 

A resposta, eu não sei. Mas, assim como o lirismo, vai aparecer, quando menos esperar. 
Até lá, ficamos assim: eu procuro, o lirismo aparece e você se esconde.