Não, não é uma invasão, um hacker, um marciano atacando o blog da Ana. Não. É mais uma Ana, cheia de confusões, dúvidas e todas as apresentações clichês que envolvem pessoas com alguma perturbação psicológica. Eu tava com alguma coisa muito genial pra próxima frase mas esqueci!
Enfim (um dos meus vícios de linguagem favoritos e super usados por pessoas acadêmicas, é requinte) além de eu ter esquecido a frase genial eu ainda fui sacaneada pela tecnologia. Escrevi uma batalhão de texto, terminei a 1:30 da manhã e ai ai internet caiu. Só que o
blogspot só salvou o primeiro parágrafo.
Juro que era alguma coisa maneira. Não estou reclamando gratuitamente. Mas vamos dizer que minha estreia foi um tanto quanto problemática.
Talvez seja por isso que eu estou aqui afinal. Pra gritar sobre problemas, ou gritar sobre soluções, ou só gritar e gritar. Depois ficar quieta. No texto original rolava uma reflexão sobre a internet como possibilidade de megafone. A gente fala sobre o que quer falar, o que precisa falar o que é necessário falar... mas quem lê? Quem ta ai do outro lado? Será homem, mulher? Ta triste? Ta feliz? Será que esta comendo? Porque cargas d´água resolveu parar e ler isso? Achou o blog por acaso e resolveu ver do que se tratava? Será que tem alguém aí? Mas precisa ter alguém aí? A gente ta gritando pro vazio sem lei, fonteira e real que é a internet. O nosso grito faz diferença? O que dá pra fazer com um grito desse?
Será que posso mudar alguma coisa? Escrever, pensar e provocar discussão sobre algum tema não é despertar a atenção para ele? Só isso já faz diferença. Será? Gosto de acreditar que sim.
Então aqui vai ser um terreno pra falar sobre as grandes inquietações da contemporaneidade? Provavelmente não. Acho que nenhuma de nós duas ou das pessoas com as quais a gente convive sabe muito bem usar um ábaco ou passar uma camisa social, imagino que resolver as grandes dores do mundo seja algo um pouco mais complexo.
De qualquer forma é um espaço pra alguma coisa e eu to aqui por algum motivo. (Quem eu sou? Porque estou aqui? Pra onde eu vou? Pera.. essa crise já deu, eu acho.) Pode ser porque sou meio "assim" e o blog é meio "assim". Confesso que estou tentando entender essa definição da Ana até agora, no mínimo suspeita.
Aqui é um espaço, mais ou menos democrático - somos duas librianas fascistas e dominar o mundo sempre foi nosso plano secreto, pra falar sobre tudo e sobre nada, pra gritar com o dedo, com o olhar, pra espernear sobre qualquer tema e sobre nenhum tema. E se o melhor que pudermos fazer for ficar em silêncio que seja.
Ninguém sabe muito bem onde tudo isso vai dar. Se vai dar tudo certo quando eu apertar o enter, se não vou ser trolada pela conexão, se o governo da China não vai implicar com a gente, se esse blog vai durar até mês que vem, se não vou ser expulsa amanhã. No fundo a graça pode estar ai. Em não saber o que fazer. Só acho que é nessas horas que a gente ta travado, sem saber pra onde correr, é que a gente deve se lançar. Então que façamos algo. Jogar a inércia de lado e partir pro movimento. O Leonardo, aquele moço Da Vinci, tem uma frase bacana que casa bem com o quase final do texto.
- O movimento é a causa de toda a vida.
Alô, alô, teste 1, 2, 3, teste.
Acho que o canal ta aberto, funcionando. Emissores e receptores estão por aí. Tempo, espaço, dúvidas, preguiça, são tantas as questões possíveis de serem debatidas. O que vem por ai? É só chegar pra ver, esperar pra ver se aparece, ignorar solenemente. Estaremos tentando entender do que tudo isso se trata no fim das contas. Eu acho.
Um amor, uma carreira, uma revolução. Tantas outras coisas que se começam sem saber como acabarão.
Não somos as primeiras, nem seremos as últimas. Sartre já tava ligado nisso.
ps: os porquês devem ter sido usados de maneira completamente impensada, o que era pra ser separado ta junto e o que ta junto ta junto, entenda tudo como licença poética.
Ana, a lice