Por Analice Paron
Seria equivocado eu afirmar algum tipo de certeza baseada em impressões de um instante qualquer que passou. Tudo não passa de lembrança. Um carimbo frouxo daquele breve ensejo. Seria perigoso colocar alguma fé em vestígios parcos de um pensamento distante mas que volta e meia se manifesta.
Seria estranho acreditar que a constância do retorno de qualquer ideia ligada ao já supracitado fato tem algum motivo específico para tamanha insistência.
Seria...
Tantas outras questões se tornariam pretérito imperfeito ou mais-que-perfeito sem nunca terem sido alvo do fabuloso mundo da contestação.
E teriam sido deixadas lá - todas as questões - em processo abortivo, se não fosse a mania da desobediência cognitiva.
Uma insurreição de princípios de orações e fragmentos de frases. Aglutinados em poderoso seres pensantes: ideias fixas.
Me surpreendo colocando com tamanha voracidade e veemência esses traços dançantes no papel (ou esses toques insistentes na tela no notebook). Registrar esse processo do qual sou autora e vítima é uma experiência nova. Ao menos nunca tinha organizado os termos dessa maneira.
Não pretendo, através desse texto, declarar nada. Muito menos pedir algo, a sua atenção já estava incluída na proposta. Talvez essas linhas sejam apenas um jeito de melhorar a celeuma em que as tais ideias fixas se encontram. Por conseguinte, eu me encontro. Talvez, por meio desta, fique comprovada minha necessidade quase patológica de ser egocêntrica. Deveria procurar ajuda especializada. Ou não.
Sem tantas delongas, não tanto quanto seja possível evitar, o primordial é discorrer sobre o papel do tempo na minha (mais um traço patológico, anotado) percepção do mundo e dos encontros da vida.
Como já dito, a partir de um novo prisma ótico é possível traçar um parâmetro entre os acontecimentos.
Encontro, espera, desencontro.
Acho que é preciso alterar a ordem:
Desencontro, espera, encontro, desencontro, espera... tenho um palpite sobre o que vem em seguida. Se a vida fosse uma projeção aritmética ou geométrica uma fórmula resolveria todo o dilema. Mas não é, amém. Existem seres iluminados que acreditam piamente na regra de três para encerrar o caso. Não faço parte desse grupo, definitivamente.
A dúvida permanece e assim será.
O que vejo de forma nítida e clara é uma grande árvore de caminhos quase incontáveis se abrindo a cada instante. O que fazer se não explorar incansavelmente a pluralidade de mundos, aos poucos desvelados logo aí, bem à sua frente?
Os desencontros, encontros, esperas, seguidas de mais encontros e outros tantos desencontros, continuam em um ciclo absoluto.
Quanto a mim, acredito que depois de um desencontro, uma espera, muitos encontros virão.
Ficarei atenta às esquinas, às curvas, aos acenos nas janelas.
Conquanto, o relógio não dará trégua e a vida seguirá sua dança cotidiana, as vezes intercalada por passos de uma valsa leve, outras vezes continuada a marcha de mil generais, custo a não desconfiar do imponderável. Ouso arriscar.
Não existe momento certo ou errado para a casualidade do destino ou para a coincidência de um mapa astral. Existe a vontade universal das estrelas.
Imagem de We Heart It |
Não sei se um planeta em uma constelação pode ser considerado um fenômeno raro. Penso que não faz parte dos domínios do acaso.
E essa certeza - afirmar tamanha convicção pode soar contraproducente, mas o que é a vida sem um pouco de risco, ainda mais risco poético - enfim, essa certeza me faz sorrir e é bom.
Não foi, nem vai ser. É.