sábado, 25 de maio de 2013

O silêncio que precede o esporro

Por Analice Paron


"Quem cala consente".

Ta aí uma frase que a gente fala e ouve sem pensar tanto sobre a questão toda que está em jogo. Isso é um perigo.
Mas falar o tempo todo, questionar e contestar a todo instante não é no mínimo inconveniente?

Ok, cada situação pede uma postura. Só que as vezes tenho a impressão que apesar do mundo poder gritar mais (lembra do grito no vazio da web... então) as pessoas acabam ficando mais "ovelhinhas" para algumas coisas.

Por exemplo, questionar uma voz de autoridade. Professor, economista, jornalista, a capa da Veja. São algumas das figuras que raramente alguém aponta o dedo e diz "não, eu não concordo". Eu estou ignorando todos os casos de alunos que confrontam professor, ameaçam de morte e furam o pneu do carro. A minha realidade é um pouco diferente. Eu convivo com professores universitários bastante renomados. Não estou fazendo desse texto um panfleto confessional de crítica em relação aos meus mestres. De forma alguma. JURO!

A questão é outra. A questão é sobre formação crítica, verdadeiramente critica. Como não virar a Hermione  e não parar de mostrar que sabe e que também pode falar sobre determinado assunto. E por outro lado, não se comportar como receptores momentaneamente passivos.

Focando na relação aluno-professor, pensando em um cenário bem demarcado: uma Universidade bem colocada, uma aula na área de humanas com a proposta de aprender a colocar ideias em forma de notícia. O tema é uma discussão sobre a cobertura da mídia da bomba que explodiu em Boston, nos Estados Unidos. Alunos perguntam sobre como proceder, como escapar dos clichês informacionais, como fugir da fonte oficial. O professor responde criticando os jornalistas em atividade - e também o sistema que fabrica as notícias.

Em que lugar pretendo chegar com isso? É que de um modo ou de outro a crítica era para a nossa formação - alunos que estudam para serem os futuros profissionais que estarão na cobertura de um fato como esse. E como escapar de toda a confusão? A resposta parece surgir: tendo pensamento crítico.

béééh 
Essa volta toda leva ao começo da confusão toda: como ter pensamento crítico sem questionar a torto e a direito? Qual o limite entre a inconveniência e a inteligência? Acho que essa pergunta perturba não só a jornalistas como também a outras profissões. Confesso que isso me perturba enquanto pseudo adulta, me pergunto qual tipo de gente grande quero ser...

Sobre o limite, semanas atrás eu e Ana ouvimos uma coisa muito legal: se não tiver limite não terá muro pra pular. De um jeito bem estranho isso parece casar com o dilema do pensamento crítico. Talvez para ser alguém que pensa e que sabe demonstrar que pensa, a gente tenha que pular o muro da recepção padrão o tempo todo. Tenha que transpor o comportamento esperado para aquela situação. Talvez seja assim o melhor jeito de aprender.

Acho - e mais uma vez vou reforçar o quão opinativo é esse texto e esse blog, não sou dona de verdade alguma - que para ser alguém diferente hora ou outra a gente vai ter que expor nossas ideias e o que pensamos sobre tudo o que falam, escrevem, mostram pra gente. O nosso muro pode estar ai. Pulá-lo pode não mudar em nada a situação. Mas pode fazer a gente crescer um bocado. Pensar um pouco maior.

Ao menos a gente terá gritado e alguém poderá ter ouvido.


Achei que essa música fosse do álbum da referência do título mas não. Mas é uma música legal.

"Quando estivermos na frente do reto
  Fica esperto
  Calado e quieto"






Um comentário:

  1. Aninha, que história é essa de pseudo adulta??? Tá na hora de assumir que vc cresceu, baby!!!! Acontece!!! Bjs mil, saudades, Jô

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